Eu tinha todo o direito de estar zangado. Se você tivesse enfrentado uma semana como a minha, também teria ficado zangado.
Meus problemas começaram na noite de domingo. Levavam alguns parentes para ver as cataratas do Iguaçu. O vôo tinha sido cancelado. Ficamos horas esperando para tomar o próximo.
Quando chegamos ao hotel, chovia. Choveu até o dia da volta.
Determinado a filmar as cataratas, carreguei minha filmadora de vídeo por quase dois quilômetros no meio de um temporal. Quando cheguei às cataratas, percebi que havia deixado a maquina ligada e descarregado a pilha.
Quando voltei ao hotel, percebi que a chuva havia estragado a filmadora.
Voltando para casa, descobri que minha esposa havia dito a família dela que iríamos passar o natal com eles. Eu já dera minha palavra a minha.
Pra completar, o carro quebrou. O carro que acabara de comprar e que o revendedor havia jurado não ter nenhum problema.
Chamei o mecânico. O guincho estava ocupado. Será que eu podia esperar uns minutos? Quando o sol se punha, o guincho apareceu. “Coloque em ponto morto”, instruíram - me. Ao entra no carro, pensei: “Bem que eu poderia tentar mais uma vez. Virei a chave na ignição. Adivinha? O carro pegou.
Isso deveria ter sido boa noticia. E foi até que vi o motorista do guincho esperando o pagamento.
- Pelo quê? – implorei
-É culpa minha se o seu carro pegou? – replicou ele.
Com raiva, paguei-lhe para ver dar partida no meu carro.
Imediatamente levei o carro ao mecânico.
Tanta coisa me passou pela cabeça... Se em seguida eu não tivesse visto o que vi, quem pode saber o que eu teria feito?
Ele não parecia um anjo. De fato, parecia tudo menos anjo. Mas sei que era um anjo, pois somente anjos trazem esse tipo de mensagem.
Ele bateu na janela do carro.
- Trocadinho senhor? –
Tinha no maximo nove anos. Sem camisa. Descalço. Sujo. Abaixei a janela.
- Como se chama? – perguntei
- José.
- Já conseguiu muito dinheiro hoje?
Ele abriu uma mão suja cheia de moedas. Dinheiro suficiente para um refrigerante.
Apanhei a carteira e tirei dois reais. Seus olhos brilharam. Os meus marejaram. O sinal abriu e eu me afastei.
Saí em silencio envergonhado. Achei que já havia dito o bastante. E Deus havia escutado cada palavra.
E se Deus tivesse atendido aos meus resmungos? E se ele tivesse dado ouvido as minhas reclamações? Poderia ter feito isso. Poderia ter respondido as minhas preces murmuradas descuidadamente. E se ele tivesse escolhido faze-lo, um protótipo da resposta havia acabado de aparecer a minha porta.
“Não que ter de mexer com companhias aéreas? Este menino não tem este problema. Frustrado com a sua filmadora? Essa é uma dor de cabeça que esse menino não tem. Ele pode ter que se preocupar com o jantar desta noite, mas não com filmadora. E a família? Estou certo de que este órfão aceitaria com todo o prazer uma das suas famílias se você estivesse ocupado demais para apreciá-las. E carros? Sim, é uma amolação, não é? Você deveria tentar o meio de transporte deste menino – Pés descalços.”
Deus enviou o menino com uma mensagem. E a essência do que o menino demonstrou era afiada como uma navalha.
“Está chorando por causa de champanhe derramada.”
“Suas reclamações não são causadas pelas necessidades, mas pela abundancia de benefícios. Você choraminga por causa dos supérfluos, não do básico; por causa dos benefícios, não dos essenciais. Suas bênçãos são a fonte dos seus problemas.”
José deu-me muito por dois reais: deu-me uma lição sobre gratidão.
Gratidão. Conscientizar-se mais daquilo que não se tem. Reconhecer o tesouro das coisas simples.
Texto: Max Lucado
Postado por
Lilian Morais
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